A utilização de plantas medicinais reflete a realidade de parte da população brasileira, cujo limitado acesso aos programas de saúde pública levou ao desenvolvimento e conservação de um conhecimento etnobotânico rico de informações. Porém, a sabedoria popular carece de sistematização, para que possa ser devidamente utilizada. O objetivo deste trabalho foi relatar o uso de plantas medicinais no município de Ariquemes, em Rondônia, bem como avaliar os padrões sócio-econômicos dos entrevistados em relação à utilização da fitoterapia no seu cotidiano. Para coleta das informações etnobotânicas e etnossociais, foram aplicados questionários estruturados a 44 indivíduos escolhidos por possuírem prestígio junto à comunidade em relação ao conhecimento e uso de plantas medicinais, identificando-se a finalidade, os órgãos e o modo de uso da planta medicinal. Além disso, foi identificada a espécie de cada planta utilizada. Procurou-se ainda correlacionar o conhecimento etnobotânico (inferido a partir do número de citações por indivíduo), com a forma de aquisição dos conhecimentos, aspectos religiosos, educacionais, região de origem, tempo de residência no local e gênero dos entrevistados. Identificaram-se 63 espécies de plantas medicinais em uso pela população, distribuídas em 38 famílias, com maior representatividade para a família Lamiaceae. A parte mais utilizada das plantas foram as folhas e o decocto foi o modo de preparo mais usual. Os estudos etnossociais permitiram inferir que os conhecimentos etnobotânicos da população estudada foram adquiridos principalmente por meio de livros e concentraram-se entre pessoas do gênero masculino, de religiões evangélicas, com nível de escolaridade Fundamental, da 1ª à 4ª série, provenientes da região Sudeste; e do gênero masculino. O tempo de residência no município não afetou significativamente o conhecimento etnobotânico na população estudada.
The use of medicinal plants shows the reality of part of the Brazilian population whose limited access to the health public programs leads to the development and conservation of a rich ethnobotanic knowledge. However, the popular knowledge needs systematization for adequate utilization. The aim of this work was to study the use of medicinal plants in Ariquemes, Rondônia State, Brazil, and to evaluate the social and economic patterns in relation to the use of phytotherapy. To have access to ethnobotanic and ethnosocial data structured interviews were applied to 44 persons chosen for their prestige in the community in relation to the knowledge and use of medicinal plants, identifying therapeutic purpose, part of the plant used and methods of preparation. Moreover, the species of each used plant was identified. The ethnobotanic knowledge (estimated by the number of citations per informer) was correlated to the knowledge source, religious and educational aspects, region of origin, residence period in Ariquemes and sex of the informers. Sixty-three species of medicinal plants being used by the population were identified, distributed in thirty-eight families, the Lamiaceae being the most representative. The most used part and method of preparation were the leaf and decoction. Ethnosocial studies allowed to infer that the books were the major source of ethnobotanic knowledge; which concentrates in the masculine individuals; and evangelic people; with basic level (1st to 4th series); from the Southeast of Brazil. Residence period in Ariquemes did not affect the ethnobotanic knowledge.